Um novo estudo aponta que consumir grandes quantidades de alfa-carotenos pode reduzir o risco de óbito por diversas causas, incluindo complicações cardíacas e câncer. Menos conhecido do que seu primo-irmão, o betacaroteno, este antioxidante também está presente em frutas e verduras.
Os dois nutrientes são chamados carotenóides – termo derivado de Daucos carota, nome científico da cenoura – devido à coloração vermelha, amarelada ou laranja que eles emprestam a uma série de alimentos. Uma vez consumidos, tanto o alfa quanto o betacaroteno são convertidos pelo corpo em vitamina A, embora se acredite que tal processo se desenvolva melhor com o betacaroteno.
O novo estudo, entretanto, aponta que o alfa-caroteno pode desempenhar um papel mais importante na defesa do DNA das células. Segundo os pesquisadores, isso pode explicar a habilidade do nutriente em limitar o tipo de dano causado aos tecidos que podem originar doenças fatais.
O estudo, realizado por uma equipe do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), constatou que depois de 14 anos de acompanhamento, a maioria das pessoas – independentemente do estilo de vida, das características demográficas ou dos riscos de saúde em geral – apresentava menos problemas de saúde limitantes à vida na medida em que tinha aumentada a concentração de alfa-caroteno no sangue. O efeito foi dramático, com riscos caindo de 23 a 39% à medida que subiam os níveis de alfa-caroteno no indivíduo.
“O estudo continua a comprovar a questão de que existem muitos componentes nos alimentos – especialmente nas frutas e nos legumes de cor vermelha ou laranja – que fazem bem à saúde”, disse Lona Sandon, porta-voz da Associação Americana de Nutrição e professora assistente de nutrição clínica do Centro Médico Southwestern, da Universidade do Texas, em Dallas (EUA). Sandon enfatizou, porém, que no momento o estudo apenas comprova uma associação entre o alfa-caroteno e maior longevidade e que não se trata de uma relação de causa e efeito. As descobertas serão publicadas na revista especializada Arquivos de Medicina Interna.
Alfa-carotênos
Pesquisadores liderados pelo Dr. Chaoyang Li, da divisão de supervisão comportamental com serviços laboratoriais e de epidemiologia do CDC, ressaltam que os alimentos de cor laranja – como cenoura, batata doce, moranga, abóbora, manga e melão cantaloupe – são ricos em alfa-carotenos, assim como os alimentos de cor verde-escura – como brócolis, ervilhas, espinafre, couve, folhas de nabo, couve-de-bruxelas, kiwi e alface.
Estes alimentos fazem parte da lista de recomendações atuais do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, que destaca os benefícios de consumir diariamente duas a três porções de frutas e de três a cinco porções de verduras.
A equipe de Li se concentrou nos resultados de mais de 15.000 americanos adultos, com idade acima dos 20 anos, que participaram da Terceira Pesquisa Nacional de Nutrição e Saúde. Todos os participantes passaram por uma avaliação médica entre 1988 e 1994, quando foram colhidas amostras de sangue. Os participantes foram acompanhados por um período de 14 anos até o ano de 2006. Até aquele momento, mais de 3.800 participantes já haviam morrido.
Análises de sangue revelaram que, em comparação aos participantes que tinham níveis de alfa-caroteno entre 0 e 1 micrograma por decilitro (mcg/dL), aqueles que estavam na faixa entre 2 e 3 mcg/dL tinham um risco 23% mais baixo de morte por todas as causas.
O risco de morte para os participantes com níveis de alfa-caroteno entre 4 e 5 mcg/dL, entre 6 e 8 mcg/dL e 9 mcg/dL ou acima, caíram 27%, 34% e 39% respectivamente, contra aqueles na faixa entre 0 e 1 mcg/dL. A equipe também relacionou os altos níveis sanguíneos de alfa-caroteno a um risco mais baixo de morrer dos dois principais vilões do país: complicações cardiovasculares e câncer.
Segundo o grupo de Li, embora sejam necessárias novas pesquisas, as descobertas apontam que o maior consumo de frutas e vegetais pode ajudar a diminuir o risco de morte prematura. Sandon concordou, mas advertiu que devemos ter cuidado com interpretações errôneas das descobertas.
“Ainda é muito preliminar. Ainda não houve muitos estudos clínicos avaliando esta questão. E é sempre complicado quando um único nutriente é selecionado de um grupo, pois os componentes dos alimentos podem trabalhar de forma isolada ou sinérgica. A pergunta é: Estaria o alfa-caroteno agindo em conjunto com outros nutrientes? Nós realmente não sabemos”, explicou.
Ela complementou: “O alfa-caroteno, por si só, provavelmente não é a causa de uma vida mais longa. Mas, ainda assim podemos dizer que se consumirmos mais tipos de fito-nutrientes encontrados nos alimentos, talvez isso possa nos ajudar a viver por mais tempo e com mais saúde”.
Esta é a conclusão, segundo Sandon: “Eu certamente acredito que seria errado que as pessoas concluíssem com o estudo que elas deveriam consumir especificamente mais alfa-caroteno. O que devemos concluir com a pesquisa é que devemos comer mais alimentos que contenham alfa-caroteno”.
E o que dizer sobre os suplementos nutricionais? A equipe de Li destacou que os suplementos antioxidantes atualmente disponíveis no mercado praticamente não contêm alfa-caroteno, e por isso o estudo apenas analisou o impacto de consumir o componente por meio dos alimentos.
Do The New York Times
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