quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

CONSUMO DE AÇÚCAR ESTÁ ACIMA DO RECOMENDADO PARA TODAS AS CLASSES SOCIAIS



Do total de calorias dos alimentos adquiridos para consumo nos lares brasileiros, 16,4% vêm dos chamados açúcares livres, ou seja, o açúcar adicionado aos alimentos durante seu processamento ou consumo. O percentual está acima do limite de 10% recomendado por nutricionistas --o excesso é fator de risco para doenças como diabetes.

O consumo de gordura saturada, a mais perigosa para a saúde cardiovascular, também se aproxima do máximo de 10% recomendado. Na média nacional, está em 8,3%, mas já chega a 10,6% entre os membros de famílias com renda superior a R$ 6.225,00. Os dados são da pesquisa "Avaliação nutricional da disponibilidade domiciliar de alimentos no Brasil", divulgada nesta quinta-feira pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Como boa notícia, o estudo trouxe a informação de que o consumo de proteínas está adequado (entre 10% e 15% das calorias totais) em todas as faixas de renda --e mais da metade delas são de origem animal, que têm maior valor biológico.

Em média, a disponibilidade de calorias por pessoa nos domicílios foi de 1.611 kcal por dia em 2009, ante 1.791 kcal por dia em 2003. A redução pode estar relacionada à maior frequência com que a população está comendo fora de casa, já que foram analisados apenas os alimentos adquiridos para consumo no domicílio.












BRASILEIROS ESTÃO MORRENDO MAIS DE DIABETES E CÂNCER

Os brasileiros estão morrendo cada vez menos de doenças respiratórias e cardiovasculares e cada vez mais de câncer e diabetes, diz estudo divulgado ontem pelo Ministério da Saúde.

Ambos os movimentos estão ligados a mudanças no estilo de vida. Por um lado, diz o ministério, a redução do tabagismo ajudou a diminuir problemas de coração e pulmão. O número de fumantes caiu de 35% da população para 16,2% entre 1989 e 2009.

Por outro, estresse, sedentarismo e maior consumo de açúcar e gordura em alimentos industrializados elevaram o número de pessoas com diabetes tipo 2 e alguns cânceres, como o de mama.
A mortalidade por doenças cardiovasculares caiu 26%, embora ainda sejam responsáveis por quase um terço dos óbitos no país.
Já a mortalidade por diabetes cresceu 10% de 1996 a 2007 e, por câncer, 4%.
Após a divulgação dos dados, o ministro José Gomes Temporão (Saúde) anunciou que sua pasta deve entregar um plano de combate à obesidade à presidente eleita, Dilma Rousseff, que estuda opções para substituir o titular do ministério.
O plano deve prever ações educativas e mudanças nas regulamentações sobre alimentos, em eventual acordo com a indústria.
Especialistas apontam, no entanto, que o problema não está só nos hábitos de vida
Para Saulo Cavalcanti, presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes, em muitos locais do Brasil não são distribuídos os melhores remédios para tratar a doença.
Ele também destaca que o diabetes, em geral, não causa dor, o que retarda o diagnóstico, e que os pacientes resistem em seguir o plano alimentar e de exercícios estabelecido pelo médico
Em relação ao câncer, Anderson Silvestrini, da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, diz que a mortalidade cresceu porque o número de diagnósticos tardios foi proporcional ao aumento dos casos. Para ele, contribuem para a demora na detecção do câncer o medo do paciente e a dificuldade de acesso a exames.



NASCIMENTOS
O estudo mostrou redução no número de grávidas adolescentes, embora o fenômeno ainda tenha força.
A quantidade de partos de meninas entre 10 e 19 anos caiu 20% mas, em 2008 (ano com dados mais recentes), ainda correspondia a um quinto dos nascimentos
A pesquisa mostrou ainda que, apesar das campanhas, o número de cesarianas cresceu, passando de 38% dos partos, em 2000, para 47% em 2007. Os bebês nascidos dessa forma têm mais baixo peso do que os nascidos por parto natural. Para Temporão, esses dados são indício de que as cesáreas estão sendo feitas antes da hora.







quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

CONSUMO DE VEGETAIS PARA UMA VIDA MAIS LONGA



Um novo estudo aponta que consumir grandes quantidades de alfa-carotenos pode reduzir o risco de óbito por diversas causas, incluindo complicações cardíacas e câncer. Menos conhecido do que seu primo-irmão, o betacaroteno, este antioxidante também está presente em frutas e verduras.

Os dois nutrientes são chamados carotenóides – termo derivado de Daucos carota, nome científico da cenoura – devido à coloração vermelha, amarelada ou laranja que eles emprestam a uma série de alimentos. Uma vez consumidos, tanto o alfa quanto o betacaroteno são convertidos pelo corpo em vitamina A, embora se acredite que tal processo se desenvolva melhor com o betacaroteno.

O novo estudo, entretanto, aponta que o alfa-caroteno pode desempenhar um papel mais importante na defesa do DNA das células. Segundo os pesquisadores, isso pode explicar a habilidade do nutriente em limitar o tipo de dano causado aos tecidos que podem originar doenças fatais.

O estudo, realizado por uma equipe do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), constatou que depois de 14 anos de acompanhamento, a maioria das pessoas – independentemente do estilo de vida, das características demográficas ou dos riscos de saúde em geral – apresentava menos problemas de saúde limitantes à vida na medida em que tinha aumentada a concentração de alfa-caroteno no sangue. O efeito foi dramático, com riscos caindo de 23 a 39% à medida que subiam os níveis de alfa-caroteno no indivíduo.

“O estudo continua a comprovar a questão de que existem muitos componentes nos alimentos – especialmente nas frutas e nos legumes de cor vermelha ou laranja – que fazem bem à saúde”, disse Lona Sandon, porta-voz da Associação Americana de Nutrição e professora assistente de nutrição clínica do Centro Médico Southwestern, da Universidade do Texas, em Dallas (EUA). Sandon enfatizou, porém, que no momento o estudo apenas comprova uma associação entre o alfa-caroteno e maior longevidade e que não se trata de uma relação de causa e efeito. As descobertas serão publicadas na revista especializada Arquivos de Medicina Interna.
Alfa-carotênos
Pesquisadores liderados pelo Dr. Chaoyang Li, da divisão de supervisão comportamental com serviços laboratoriais e de epidemiologia do CDC, ressaltam que os alimentos de cor laranja – como cenoura, batata doce, moranga, abóbora, manga e melão cantaloupe – são ricos em alfa-carotenos, assim como os alimentos de cor verde-escura – como brócolis, ervilhas, espinafre, couve, folhas de nabo, couve-de-bruxelas, kiwi e alface.


Estes alimentos fazem parte da lista de recomendações atuais do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, que destaca os benefícios de consumir diariamente duas a três porções de frutas e de três a cinco porções de verduras.
A equipe de Li se concentrou nos resultados de mais de 15.000 americanos adultos, com idade acima dos 20 anos, que participaram da Terceira Pesquisa Nacional de Nutrição e Saúde. Todos os participantes passaram por uma avaliação médica entre 1988 e 1994, quando foram colhidas amostras de sangue. Os participantes foram acompanhados por um período de 14 anos até o ano de 2006. Até aquele momento, mais de 3.800 participantes já haviam morrido.
Análises de sangue revelaram que, em comparação aos participantes que tinham níveis de alfa-caroteno entre 0 e 1 micrograma por decilitro (mcg/dL), aqueles que estavam na faixa entre 2 e 3 mcg/dL tinham um risco 23% mais baixo de morte por todas as causas.

O risco de morte para os participantes com níveis de alfa-caroteno entre 4 e 5 mcg/dL, entre 6 e 8 mcg/dL e 9 mcg/dL ou acima, caíram 27%, 34% e 39% respectivamente, contra aqueles na faixa entre 0 e 1 mcg/dL. A equipe também relacionou os altos níveis sanguíneos de alfa-caroteno a um risco mais baixo de morrer dos dois principais vilões do país: complicações cardiovasculares e câncer.

Segundo o grupo de Li, embora sejam necessárias novas pesquisas, as descobertas apontam que o maior consumo de frutas e vegetais pode ajudar a diminuir o risco de morte prematura. Sandon concordou, mas advertiu que devemos ter cuidado com interpretações errôneas das descobertas.
“Ainda é muito preliminar. Ainda não houve muitos estudos clínicos avaliando esta questão. E é sempre complicado quando um único nutriente é selecionado de um grupo, pois os componentes dos alimentos podem trabalhar de forma isolada ou sinérgica. A pergunta é: Estaria o alfa-caroteno agindo em conjunto com outros nutrientes? Nós realmente não sabemos”, explicou.
Ela complementou: “O alfa-caroteno, por si só, provavelmente não é a causa de uma vida mais longa. Mas, ainda assim podemos dizer que se consumirmos mais tipos de fito-nutrientes encontrados nos alimentos, talvez isso possa nos ajudar a viver por mais tempo e com mais saúde”.

Esta é a conclusão, segundo Sandon: “Eu certamente acredito que seria errado que as pessoas concluíssem com o estudo que elas deveriam consumir especificamente mais alfa-caroteno. O que devemos concluir com a pesquisa é que devemos comer mais alimentos que contenham alfa-caroteno”.
E o que dizer sobre os suplementos nutricionais? A equipe de Li destacou que os suplementos antioxidantes atualmente disponíveis no mercado praticamente não contêm alfa-caroteno, e por isso o estudo apenas analisou o impacto de consumir o componente por meio dos alimentos.


Do The New York Times