Um novo estudo feito pela Universidade de Alberta, no Canadá, aponta que esses fatores devem ser acompanhados já na infância
Entender os fatores que influenciam a tendência para desenvolver o sobrepeso e a obesidade é alvo de diversas pesquisas no mundo todo.
Sobrepeso e obesidade são reflexos de hábitos alimentares aprendidos em casaA pesquisa de Spence, publicada no periódico International Journal of Pediatric Obesity, acompanhou os hábitos alimentares de crianças entre 4 e 5 anos de idade e a relação desses hábitos com a variação do peso ao longo dos anos.
A equipe do pesquisador elegeu 1.730 crianças para o estudo – meninos e meninas em quantidades similares – e acompanhou esse grupo nos primeiros anos da idade escolar. Crianças e pais foram entrevistados sobre diversos assuntos, incluindo hábitos alimentares – como preferências por certos alimentos – e condições de saúde.
Os resultados da pesquisa, que durou dois anos, também focou nas respostas emocionais quanto à comida – como alimentação excessiva ligada a estresse –, satisfação com a alimentação, sensibilidade à saciedade, ritmo na hora de comer – se comiam muito rápido ou devagar – e nível de atividade após uma refeição.
“Não é surpreendente que os resultados apontaram que crianças que descontam suas frustrações comendo excessivamente quando nervosas ou entediadas, têm uma maior tendência a desenvolver o sobrepeso em contraste com aquelas que comiam mais devagar ou que não ficavam muito atentas ao horário das refeições (um comportamento de evitação). Mas a questão é: o que faz essas crianças criarem esse tipo de resposta aos alimentos?”, pontua Spence.
“Nosso modelo sugere que o comportamento copiado ou reforçado pelos pais – como ganhar um doce por uma boa ação – induz as crianças a certas relações emocionais com a comida. Da mesma forma, a evitação alimentar também é algo que vem do ambiente familiar”, continua.
É preciso identificar como esses ambientes e relações influenciam os hábitos alimentares das crianças, dizem os pesquisadores. Fatores como promoção – ou a falta – de atividades físicas, interação com alimentos de forma a compensar ou punir certos comportamentos, e outros hábitos familiares podem se refletir no desenvolvimento da obesidade.
“Será que há algo que possamos fazer para educar os pais?”, questiona Spence. “Se identificarmos e entendermos essas relações é possível criar programas de intervenção bastante efetivos.”
Os pesquisadores agora tentam ampliar o público observado e adicionar mais variáveis para serem observadas, além de tentar entender as interações entre os dados analisados. “Nas crianças que têm uma relação positiva com a comida – o que leva a um aumento do consumo alimentar – também observamos se há uma preferência pelas comidas ‘que são ruins para a saúde’ e qual o motivo dessas escolhas”, finaliza
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